A Igreja coreana se destaca por uma peculiaridade única: foi fundada por leigos. O Espírito do Missal Romano sopra onde quer, e nessa estreita península do extremo oriente do mundo, o mesmo Espírito inspirou corações que se abriram à nova fé trazida pelas delegações eclesiásticas chinesas desde o século XVII.
Os Primeiros Passos da Fé na Coreia
No decorrer do tempo, sacerdotes chineses visitavam a Coreia anualmente, trazendo consigo a fé cristã. Um leigo chamado Lee Byeok foi cativado pelo livro “A Verdadeira Doutrina de Deus” do Padre Matteo Ricci, e assim nasceu a primeira comunidade cristã no país em 1780. Essa fé floresceu, e os sacerdotes visitantes deram início às celebrações litúrgicas. Com o tempo, a comunidade cresceu e pediu mais missionários de Pequim.
Desafios e Perseguições
O governo coreano viu com desconfiança essa nova fé, pois ela introduzia ritos diferentes dos tradicionais. Em 1802, um édito estatal não apenas proibiu a crença cristã, mas também ordenou o extermínio dos cristãos. As perseguições se intensificaram, e muitos foram martirizados, incluindo sacerdotes chineses. Em 1837, chegaram dois sacerdotes e um Bispo da Missões Estrangeiras de Paris, enfrentando também perseguições.
Santo André Kim Taegon: Um Sacerdote Nascido na Coreia
André Kim Taegon, nascido em 1821 em uma família convertida, experimentou a fé desde jovem. Seu pai transformou a casa em uma igreja doméstica, onde muitos fiéis eram batizados. A morte prematura de seu pai fortaleceu ainda mais sua fé. Após ser ordenado em Macau, ele retornou à Coreia como diácono, ajudando secretamente o Bispo Ferréol a entrar no país. André trabalhou como missionário em segredo, alcançando resultados notáveis em seu apostolado. No entanto, ele foi preso ao tentar enviar documentos à Europa e martirizado em 16 de setembro de 1846.
São Paulo Chong Hasang: Um Peregrino Catequista
A história de Paulo Chong Hasang é marcada pela coragem. Ele nasceu em 1795 e testemunhou o martírio de parte de sua família. Após ser preso e perder todos os seus bens, sua fé se fortaleceu. Ele se juntou à comunidade cristã em Seul e trabalhou para converter outros. Realizou 15 peregrinações à China, comprometendo-se a trazer sacerdotes e missionários para a Coreia. Preso durante as perseguições, Paulo foi martirizado em 22 de setembro de 1839.
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Testemunhas de Fé e Martírio
O martírio foi uma parte significativa da história cristã na Coreia. Foram dez mil mártires, muitos deles canonizados e celebrados na mesma festa litúrgica. André Kim Taegon liderou esse grupo, que incluiu homens e mulheres, leigos, anciãos, jovens e crianças. Eles enfrentaram suplícios e derramaram seu sangue pelo início da Igreja na Coreia.
A Canonização e o Legado
São André Kim Taegon e São Paulo Chong Hasang foram canonizados em 6 de maio de 1984 pelo Papa João Paulo II. A Igreja reconheceu a importância de seu testemunho de fé inabalável e dedicação à causa cristã. A celebração litúrgica em 20 de setembro é um tributo a esses heróis da fé, que enfrentaram desafios extraordinários para fortalecer a Igreja na Coreia. Seu legado continua a inspirar e guiar os fiéis em sua jornada espiritual.