São João Damasceno é um santo Padre e Doutor da Igreja de Cristo que nasceu em 675 em Damasco, Síria. Nessa época, o Cristianismo tinha uma certa liberdade e o pai de João era um cristão fervoroso e amigo dos Sarracenos, que eram senhores do país naquela época. Esse respeito que seu pai tinha pelos Sarracenos também se estendia a ele, e João foi distinguido pelo Califa, que o nomeou prefeito de Damasco.
A renúncia dos bens e a busca pela santidade
João Damasceno, mesmo jovem e com muitos privilégios financeiros, decidiu renunciar a todos os seus bens em busca de uma vida mais próxima de Cristo. Ele doou tudo para os pobres e concedeu liberdade aos servos, optando por uma vida de maus tratos ao invés das tentações pecaminosas. Em busca de uma vida mais ascética, retirou-se para o convento de São Sabas, perto de Jerusalém, onde viveu com humildade, caridade e alegria.
Após sua ordenação como sacerdote, João Damasceno aceitou o cargo de pregador na Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém, onde exerceu uma grande influência pastoral.
Defensor das imagens sagradas e a luta contra a iconoclastia
Naquela época, o uso de imagens nas igrejas não era difundido devido a uma herança do Antigo Testamento que proibia a reprodução de imagens de Deus. O imperador bizantino, Leão Isáurico, iniciou uma guerra contra o uso de imagens sagradas. A pedido do Papa Gregório III, João Damasceno tornou-se defensor das imagens sagradas e travou uma luta contra os iconoclastas ao longo de sua vida.
Como arma principal, João utilizou a teologia, sendo sua principal tese um dos fundamentos da fé cristã: a Encarnação de Cristo. Foi ele quem fez a distinção entre a adoração e a veneração no culto cristão, estabelecendo que a primeira pode ser dirigida somente a Deus, enquanto a segunda pode ser utilizada como imagem para se dirigir a uma pessoa à qual prestamos culto.
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Obras e contribuições para a Igreja
São João Damasceno escreveu inúmeras obras abordando diversos temas teológicos, dogmáticos e apologéticos. Sua obra mais conhecida é a “De Fide orthodoxa”, que sintetiza o pensamento da Patrística grega e as decisões doutrinais dos Concílios da época. Essa obra é uma referência essencial tanto para a teologia católica quanto para a ortodoxa.
Em reconhecimento à sua contribuição à Igreja Oriental, João Damasceno recebeu o título de “São Tomás do Oriente” e foi proclamado Doutor da Igreja por Leão XIII em 1890.
O milagre da mão e o amor à Virgem Maria
Uma história bastante difundida relata que João Damasceno foi protagonista de um milagre recebido da Virgem Maria. Durante sua estadia na Corte, ele foi acusado de traição e teve sua mão direita amputada como punição. João então rezou fervorosamente diante de um ícone da Virgem e suas orações foram atendidas, sua mão foi miraculosamente recolocada. Em gratidão, João mandou fazer uma mão de prata, que foi acrescentada ao ícone, dando origem ao culto oriental da Virgem Tricherusa, a Virgem das Três Mãos.
São João Damasceno faleceu no dia 4 de dezembro de 749 no mosteiro de São Sebas, na Palestina. Sua vida e suas contribuições para a Igreja continuam sendo lembradas e celebradas até hoje.
